terça-feira, 29 de abril de 2008

Livro para quem espera um time de bebês

Fatima Dannemann

Já se foi o tempo em que nascimento de gêmeos ou trigêmeos era coisa de jornal. Hoje, está cada vez mais comuns ver orgulhosos papais passeando com suas crias multiplas. O que seria um fato raro há uns 20 anos, tornou-se comum por causa das técnicas de fertilização. Só quintuplos, quadruplos e sextuplos a imprensa noticiou uns quatro ou cinco nos últimos dois anos, mas já sem o impacto que as irmãs Dionne, primeiro caso de quíntuplos a sobreviver ao parto no mundo, em 1934 no Canadá. Para as mães que em uma viagem só ganham entre uma dupla de ping-pong e uma dupla de basquete, a farmacêutica Sara Gonçalves escreveu um livro “Gêmeos, Trigêmeos ou o que Mais Vier – O guia da mãe 24 horas".
A medicina foi mais veloz, se preparou para dar sobrevida as crianças que são gemeas multiplas (e geralmente nascem prematuras). Mas, as mães simplesmente se vêem em meio a um rol enorme de cuidados e são obrigadas a se virar, se não em mil, mas em quatro, cinco ou mesmo seis para atender a todos os pimpolhos. O nascimento mais frequente de multiplos fez aumentar a necessidade de mais informações não só a respeito dos cuidados com os meninos, mas com a organização das vidas doméstica e profissional. Sara é mãe de trigemeos e escreveu o livro baseada em sua propria experiencia.
“Gêmeos, Trigêmeos ou o que Mais Vier – O guia da mãe 24 horas” mostra o que pode ser feito para se cuidar de múltiplos, para a organização do tempo da mãe e até para dar conta da vida afetiva. Afinal, se um bebê exige muito, basta multiplicar as tarefas pelo número de bebês múltiplos que nasceram para se ter uma idéia do esforço necessário para cuidar de todos. Os bebês, dizem as mães de multiplos, trazem muitas alegrias mas o povo só quer saber da bagunça e do excesso de despesas que eles trazem. Hoje, já existe até um portal para mães de filhos gemeos, o Portal Multiplos. Isso pode ajudar as multi-mães de primeira viagem e tem até dicas para quando os pimpolhos entrarem na escola.

As quíntuplas Dionne e alguns casos recentes

Nos livros de biologia, elas estão lá iguaizinhas, com vestidinhos rodados e floridos e sorvete na mão. São citadas por professores para exemplificar o que são gêmeos univitelinos e bivitelinos e como se dá a herança de característica genética entre pais, irmãos e avós. Mas, no Brasil é tudo o que se sabe das quíntuplas canadenses Dionne, o primeiro caso de múltiplos a dar certo em todo o mundo. Mas hoje, das cinco meninas que nasceram em 28 de maio de 1934 em Ontario, Canada, restam apenas duas: Cecile e Anette, já venerandas senhoras. Emilie, foi a primeira a morrer, aos 20 anos, sufocada em um ataque de epilepsia, num convento. Marie morreu em 1970, aparentemente de aneurisma cerebral, e Yvonne chegou a ver a passagem do século, falecendo em 2001 de câncer.
Elas sobreviveram, se tornaram adultas mas nem tudo foram flores para as cinco meninas, transformadas em atração turistica logo que nasceram. Os pais colocavam em exposição publica em troca de dinheiro. O governo de Ontario interferiu e tomou a guarda das meninas, que moraram em um hospital até os 9 anos. A visita de turistas as crianças só perdia, em volume de arrecadação, para as Cataratas do Niagara, rendeu aos cofres públicos 51 milhões de dólares canadenses e uma renda de um milhão de dólares para as meninas. Voltaram a morar com os pais em 1943, foram objeto de filmes, livros, apareceram em programas de televisão.
Hoje em dia, a coisa mudou. Em vez de virarem verdadeiros miquinhos de circo, bebês múltiplos são protegidos por lei no próprio país onde as meninas Dionne nasceram. No ano passado, em janeiro, uma mulher da provincia de Vancouver teria dado luz a sêxtuplos. Autoridades sanitárias não confirmaram, nem negaram a informação, citando uma lei canadense que protege a privacidade dos pacientes. Mas segundo um jornal canadense, os recém-nascidos eram prematuros de seis meses e meio. O primeiro bebê veio ao mundo naturalmente, sem qualquer complicação, e a mãe depois foi submetida a uma cesariana para dar à luz os seis irmãos.
O parto de multiplos é dificil até entre alguns animais. Entre humanos é mais ainda e alguns médicos recomendam até aborto. Pois em novembro do ano passado, Vavara Artamkin e seu marido Dimitri humilde casal de professores russos cruzou meio continente para salvar a suas cinco filhas de um aborto iminente. Elas nasceram na Inglaterra para onde fugiram a fim de evitar o aborto seletivo a que os médicos de seu país queriam submeter.

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